Com uma aparência calma, serena, Francisca Erivânia L. Marques, 36, natural da cidade de Parnamirim (PE), é mais conhecida como “a Pró” ou “Pró Vânia”, pelas suas alunas. Estas são senhoras com idade entre cinqüenta e oitenta anos e uma voluntária: a Lú, que recebem a sua orientação, no projeto voltado para a terceira idade, desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDESC), da cidade pernambucana de Petrolina (PE).
Formada no curso de Licenciatura Plena em Pedagogia/Programa Especial, pela Universidade do Estado de Pernambuco (UPE) e com pós-graduação em Psicopedagogia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (INTA), ambas com campus petrolinense; a Pró Vânia, como gosta de ser chamada, tem a maestria e a docilidade em passar os assuntos para os seus aprendizes.
O trabalho dela se iniciou no começo deste ano, quando passou no concurso da prefeitura e aceitou a proposta de dar aulas no curso de Artes, para a “melhor” idade de Petrolina. “Eu já trabalhei com alfabetização de idosos, há um tempo atrás. Quando surgiu a oportunidade de poder ensinar artes, resolvi aceitar, mesmo não sabendo de muita coisa.”, afirma à Pró Vânia.
Num período de dois meses, cerca de 60 idosos, divididos em dois grupos: o do bairro da Pedra Linda e da Vila Mocó, produzem peças, feitas de trabalhos manuais. “Todos aqui são artistas. Só precisam de um incentivo”, destaca a professora, que ainda acrescenta: “O objetivo desse trabalho, é poder levantar a autoestima deles”. Muito de seus alunos tem uma história sofrida de vida, seja por sofrer humilhação de seus familiares, cônjuges e/ou pelo próprio corpo social de Petrolina (PE).
Os encontros acontecem duas vezes na semana, nos dias de segunda e terça-feira, a Pró vai dar aulas no bairro da Pedra Linda e na quarta e quinta-feira, é a vez do pessoal da Vila Mocó realizar suas atividades. Na sexta-feira os dois grupos se reúnem e para trocarem experiências. Por exemplo, o lugar das reuniões dos alunos da Vila Mocó é na Creche Nosso Espaço (Dona Duzinha), mas, como estamos em período de férias, elas foram transferidas para o Colégio João Barracão , um colégio público petrolinenese e depois de um certo tempo, passaram a ter suas aulas na própria casa da professora ou de uma das alunas, chamada de ‘Sinhá’.
O projeto é amplamente amparado pela Prefeitura de Petrolina, que dá todos os materiais para confecção das peças e do lanche, dão transporte (quando solicitado), realizam festas em comemoração a datas especiais (Dia das mães, São João, por exemplo), dentre outros. Entretanto, a Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDESC), recolhe todo o material produzido pelos idosos, para colocar à venda, numa feira -que ainda não tem data para acontecer- que será realizada no intuito de conseguir dinheiro, para desenvolvimento do projeto. “Com o dinheiro que esperamos ganhar nesta feira, estamos pensando em fazer uma excursão com eles” diz a Pró Vânia.
Com uma voz mansa, jeito calmo, a “Pró Vânia”, consegue conquistar todas as suas alunas, “A nossa ‘pró’ (como é conhecida) é um doce, maravilha de pessoa, ensina a gente direitinho.” segundo a irreverente Dona Sinhá, que ao fazer este comentário, olha para as companheiras e recebe toda a aprovação delas no que acabara de dizer. Assim, fica claro que ganhar o apreço de uma pessoa é muito simples, basta apenas que a maneira de tratamento seja de igual para igual, é isso que a “Pró Vânia” está conseguindo com o pessoal da melhor idade da cidade pernambucana de Petrolina.
Por Emaísa Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário